Vamos falar sobre o índice P/L?
Uma prática comum no mercado e relacionar o valor de uma empresa ao lucro que ela gera. Dessa forma, quanto mais lucro gera essa empresa mais valiosa ela é.
Exemplos reais
Imagine, por exemplo, uma padaria que gera lucro mensal de R$ 30.000. Ao anualizarmos esse lucro chegaremos a um valor de R$ 360.000 por ano. Dessa forma, verificando as transações de compra e venda de padarias, imagine que verificamos que elas normalmente são vendidas por seis vezes o seu lucro anual. Isso significa que o preço normal dessa padaria seria de 6 × 360.000 = 2.160.000.
Assim, da mesma forma que apartamentos com maior área útil tem um preço de mercado superior, padarias ou empresas com maior lucro devem ser negociadas a um valor maior.
Quando compradores adquirem apartamentos estão adquirindo metros quadrados, ao passo que quando compradores adquirem empresas estão adquirindo unidades de lucro. Contudo, da mesma forma que o metro quadrado de determinados apartamentos é mais caro ou valorizado do que os de outros, a unidade de lucro de determinadas empresas também é mais valorizada do que em outros pares.
Então, você decide comprar o seu apartamento num bairro nobre da cidade e percebe que para isso terá que pagar R$ 12.000 por metro quadrado. Quando você olha o preço de um apartamento e o vendedor pede R$ 500 mil, você não consegue saber, de cara, se ele está mais caro ou barato que outros imóveis semelhantes sem saber qual é o tamanho do apartamento.
Ao saber que se trata de um apartamento de 50m2, você faz uma conta rápida. Ou seja, divide R$ 500 mil por 50m2 e chega à conclusão que o vendedor está pedindo R$ 10 mil reais por metro quadrado.
Essa conta é bem legal porque traz os valores a uma mesma base que é o metro quadrado.
Ai passamos a falar sobre o preço do metro quadrado, o que permite com que comparemos imóveis de diferentes tamanhos.
Percebemos então que, enquanto o preço médio do m2 de apartamentos nos Jardins, perto da Paulista, é de R$ 12.000/m2. E em Itaquera é de uns R$ 5.000/m2. Mas, no mesmo bairro dos Jardins, há apartamentos negociados a R$ 20.000/m2 e R$ 8.000/m2!
Essas diferenças no valor do metro quadrado se devem a diferentes atributos dos imóveis tais como:
- idade do empreendimento;
- número de vagas de garagem;
- localização;
- etc.
Legal, mas esse post não era sobre índice P/L? Ações? Bolsa?
Sim! Já explico.
De forma análoga o preço absoluto das ações não nos permite entender se uma ação está bem valorizada ou não.
Veja o exemplo de duas empresas do setor de varejo de roupas:
Guararapes (GUAR4)……….Preço: R$ 65,10 LPA: R$ 5,09 Índice P/L: 12,79
Lojas Renner (LREN3)…….Preço: R$ 27,80 LPA: R$ 0,98 Índice P/L: 28,37
Olhando para o valor nominal das ações parece que a Guararapes (GUAR4) é a mais valorizada. O correto, no entanto, é compararmos o preço da ação com o LPA (lucro por ação) de cada companhia.
Percebemos que a GUAR4 é negociada, atualmente (abr/2017), na bolsa a 12,79 vezes o seu lucro anual. Já as ações das Lojas Renner (LREN3) são negociadas a 28,37 vezes o seu lucro. Assim LREN3 é uma ação significativamente mais valorizada que GUAR4.
Índice P/L
Costumeiramente, há duas características que fazem com que ações de mesmo setor tenham índices P/L bem distintos:
- a primeira, e normalmente mais significativa, é a expectativa de crescimento do lucro futuro;
- a segunda é o risco empresarial percebido pelo mercado.
Quando o mercado estima um forte crescimento do LPA de uma empresa nos próximos exercícios, a tendência é que o índice P/L daquela ação seja alto.
Isso faz todo sentido porque a ideia é que o mercado considera o LPA atual uma pequena fração dos lucros futuros. Dessa forma, os investidores estarão dispostos a comprar as ações de tal empresa por uma valor que seja muitas vezes o lucro atual.
De forma análoga, quando o mercado estima um crescimento mais moderado nos lucros futuros da empresa a sua ação será negociada por índice P/L menores. Assim quanto maior o crescimento de lucros esperado para uma empresa com ações negociadas em bolsa, maior deverá ser o índice P/L, ou como falamos no mercado: maior o seu múltiplo.
Já o risco percebido pelo mercado tem um efeito inverso sobre o preço da ação.
Papéis com alto risco tendem a ter um múltiplo mais baixo que os papéis com percepção de risco mais baixo, tudo o mais constante. Isso porque havendo maior risco, o investidor exigirá um retorno maior naquela ação, o que é o mesmo que dizer que estará disposto a comprar o papel somente com um desconto maior.
Mas, como isso tudo pode ser usado de forma prática para definir quais ações estão baratas e quais estão caras e assim levantar boas possibilidades de investimento?
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